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Aviação acessível: um voo em direção à inclusão

Aviação acessível: um voo em direção à inclusão, e a acessibilidade.
Por bruno Maximo.
Acessar um avião, embarcar com segurança, se locomover com autonomia dentro de um aeroporto, compreender orientações de voo, utilizar o banheiro durante uma viagem ou mesmo saber, com tranquilidade, para onde ir, o que fazer e a quem recorrer; Para muitas pessoas, essas ações são corriqueiras — mas para passageiros com deficiência, cada uma dessas etapas pode se tornar um desafio considerável! É justamente para enfrentar essas barreiras que surge a iniciativa Aviação Acessível: um projeto da Secretaria Nacional de Aviação Civil em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade de São Paulo (USP), que busca tornar a experiência no transporte aéreo brasileiro mais inclusiva, segura e digna para todas as pessoas.

A iniciativa parte do princípio de que o direito de ir e vir, garantido pela Constituição, deve se estender a todos, em todas as formas de mobilidade, inclusive na aviação comercial! Apesar de avanços importantes nos últimos anos — com a ampliação de vagas preferenciais, normas da ANAC voltadas à acessibilidade e algumas melhorias em estruturas aeroportuárias — ainda existem inúmeros entraves na jornada de um passageiro com deficiência, seja ela física, sensorial, intelectual ou múltipla.

Pensando nisso, o projeto Aviação Acessível abre um canal direto com quem realmente entende das barreiras: as pessoas com deficiência que já viajaram de avião; A proposta é reunir experiências reais, vivências concretas, relatos de quem conhece o trajeto do check-in ao desembarque, do portão de embarque à poltrona do avião — e tudo que há entre esses marcos. A campanha convida esses usuários a relatarem, em texto, áudio ou vídeo de até cinco minutos, suas percepções sobre o que facilitou e o que dificultou o trajeto aéreo. A participação pode ser feita através do e-mail: aviacao.acessivel@gmail.com.
Um setor ainda no solo: quando o assunto é inclusão A aviação comercial brasileira transportou, em 2023, mais de 100 milhões de passageiros. Destes, uma parcela significativa era composta por pessoas com deficiência, idosos ou pessoas com mobilidade reduzida. No entanto, as reclamações relacionadas à acessibilidade seguem constantes: Escadas íngremes, ausência de elevadores adequados para embarque, longas distâncias sem alternativas de transporte interno, banheiros inacessíveis e ausência de intérpretes de Libras ou informações em braile estão entre os principais pontos levantados por passageiros e entidades de defesa dos direitos da pessoa com deficiência;

A Resolução nº 280/2013 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) estabelece normas para a acessibilidade no transporte aéreo. Ela prevê, entre outros pontos, o direito ao atendimento prioritário, ao uso de cão-guia, à assistência durante o embarque e desembarque e à adaptação dos procedimentos de segurança. No entanto, a execução prática dessas diretrizes ainda é desigual: há aeroportos que oferecem serviço de qualidade e outros que, por falta de estrutura ou de capacitação, não cumprem minimamente o que está previsto em lei. A acessibilidade é muito mais do que uma rampa: é garantir autonomia, comunicação, compreensão e respeito ao tempo e às particularidades de cada passageiro.
O que queremos saber com sua colaboração: O projeto Aviação Acessível quer conhecer, em detalhes, a trajetória do passageiro com deficiência desde o planejamento da viagem até o pouso. Por isso, a chamada pública solicita que, ao enviar seu relato, os passageiros reflitam sobre três grandes momentos da viagem: 1. Planejamento — Como foi comprar a passagem? O site ou aplicativo da companhia era acessível? Conseguiu informar sua condição e solicitar ajuda com facilidade? Foi possível escolher o assento com prioridade? O atendimento por telefone ou chat foi acessível? 2. No aeroporto — Houve suporte no check-in? Como foi o processo de despacho de bagagem? Havia sinalização tátil, sonorizada ou, visual de forma adequada? Os banheiros, cadeiras de rodas, carrinhos ou elevadores funcionaram bem? Você foi tratado com respeito e dignidade? 3. Na aeronave — Foi fácil embarcar? A poltrona estava acessível? Houve auxílio para se acomodar? O cinto, o banheiro e os avisos de segurança eram compreensíveis? A tripulação estava preparada para lidar com passageiros com deficiência? Também é importante indicar qual serviço ou recurso foi mais importante para garantir sua autonomia e conforto; Em contrapartida, relatar o que causou desconforto, insegurança ou humilhação também é essencial para que os gargalos sejam superados com políticas públicas eficazes.
Acessibilidade multidimensional: o desafio de atender às diferenças!
Quando falamos de acessibilidade na aviação, é necessário compreender que não há uma única deficiência e, portanto, não há uma única solução; Uma pessoa cega pode necessitar de orientação tátil e sonora, enquanto uma pessoa surda precisa de intérprete de Libras ou legendas. Passageiros com mobilidade reduzida demandam rampas, assentos especiais e ajuda no deslocamento. Já pessoas neurodivergentes ou com deficiência intelectual podem precisar de mais tempo para se localizar ou para entender as instruções.

A acessibilidade precisa ser universal e, ao mesmo tempo, personalizada. Isso exige capacitação contínua de funcionários, investimento em infraestrutura, adoção de tecnologias assistivas, parceria com organizações da sociedade civil e, acima de tudo: escuta ativa da população com deficiência! É exatamente essa escuta que a iniciativa Aviação Acessível está promovendo agora, com o apoio técnico da UFSCar e da USP para análise e sistematização das contribuições recebidas.
Políticas públicas e monitoramento social: Este projeto dialoga diretamente com a Política Nacional de Mobilidade Urbana, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU. Mais do que atender legislações, trata-se de uma questão de cidadania.

A ideia é que, com os relatos enviados, seja possível: • Identificar os pontos críticos e positivos do serviço;
• Mapear os aeroportos e companhias que mais precisam de intervenção;
• Produzir relatórios técnicos e políticas públicas baseadas em evidências;
• Estimular boas práticas de acessibilidade em toda a cadeia da aviação. A construção de uma aviação acessível depende de dados reais, e por isso, o protagonismo dos passageiros com deficiência é fundamental. Cada relato pode transformar um detalhe ignorado em uma pauta prioritária.
Como participar? Se você é pessoa com deficiência e já viajou de avião dentro ou fora do Brasil, envie seu relato para a equipe da Aviação Acessível. Você pode contar sua história de forma livre, mas procure abordar os três momentos da viagem (planejamento, aeroporto e voo). Diga o que funcionou bem, o que te causou dificuldade e o que, para você, é indispensável para uma boa experiência. As contribuições podem ser enviadas em texto, áudio ou vídeo, com até 5 minutos de duração para os formatos sonoros e visuais. O envio deve ser feito para o e-mail:

📧 aviacao.acessivel@gmail.com Todos os materiais recebidos serão tratados com responsabilidade e ética. A equipe se compromete a garantir a confidencialidade, o anonimato quando solicitado, e a acessibilidade de retorno, caso o participante deseje receber um parecer ou acompanhar os resultados da pesquisa.
O que está em jogo? é o direito de voar A aviação tem o poder de aproximar cidades, estados, culturas e afetos. Mas não pode ser um privilégio de poucos. Se o céu é o limite, a acessibilidade deve ser o mínimo! Nenhuma pessoa com deficiência deve se sentir insegura, invisível ou humilhada ao tentar viajar. Nenhum passageiro deve enfrentar constrangimentos para exercer o direito básico de ir e vir. Nenhuma empresa aérea ou aeroporto deve ignorar as necessidades de uma parcela, significativa da população.

Por isso, projetos como o Aviação Acessível representam mais do que uma escuta: são um passo firme rumo à democratização da mobilidade aérea. Para quem vive a deficiência, contribuir com este projeto é mais do que um ato de cidadania — é uma oportunidade de transformar o que foi obstáculo em ponte, e o que foi exclusão em política pública.

A sua voz pode levantar voo. Participe!,  ✈

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